Sobre Áurea Xavier

Eu me apaixonei pelo Rio de Janeiro. E queria muito fazer coisas tão bonitas quanto aquelas de que gosto. Esforcei-me para morar no Rio, virei servidora pública. Também virei mãe porque o melhor que eu poderia fazer nessa vida era um menino livre e bom, que pudesse tornar o seu meio melhor – e acredito no meu potencial para influenciar positivamente meu filho.

Se eu tivesse talento, seria escritora, cineasta, fotógrafa, artista plástica, cantora. Mas não vou fingir que não percebo que falta muito pra eu chegar a qualquer coisa dessas. Então, depois de ficar muito triste e deprimida porque não fazia nada na cidade – que eu acho ruim – onde eu morava, onde eu só era mãe, e sem nenhum brilho para o meu filho – além de estudar para concursos, inventei de estudar jornalismo. Queria ser objetiva e descobrir outras coisas que ainda estariam por vir.

Então eu passei pra UERJ e pro Ministério do Trabalho. Antes de vir para o Rio trabalhar e estudar, fiquei um tempo no IBGE lá da minha cidade natal. Eu era agente de pesquisa e trabalhei com Pesquisa de Orçamentos Familiares. Ia à casa das pessoas, perguntava tudo sobre suas vidas, pesava e media todo mundo, até saber quantas pontas de faca de manteiga ela tinha passado no pão pela manhã eu queria saber. Isso foi pra mim uma experiência e tanto – para o futuro, ser jornalista.

Vim para o Rio, comecei a estudar, depois mudei a instituição de trabalho. Atuo como Técnico Judiciário no Tribunal Regional do Trabalho. E foi muito difícil ter esperanças de que minha faculdade me levaria a algum lugar, sem tempo para estágio, para brincar de jornalista.

Um dia, eu subi o morro. Na verdade, fui até o meio do caminho, fazer uma entrevista para nota. E eu percebi que para acontecer, tem que lutar. Então agora eu sou obrigada a ir atrás da matéria, porque meu curso exige. E que o Tribunal entenda – eu trabalho sábado e domingo na administração pública se for pra compensar o maravilhosos prazer de apurar uma matéria.

Tenho muitas pautas em mente e pouco tempo. Mas eu vou tentando. E vou conseguir. Melhor serpa quando eu ganhar na mega-sena – porque aí eu poderei ser repórter e só repórter – em paz.

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